Não quero que toques as minhas coisas
Que vasculhes as minhas gavetas,
Que deixes marcas em todo o meu corpo,
Em cada lugar por onde passes na minha vida,
Porque talvez um dia eu fique só,
E vou ver-te em todas as impressoes que deixaste,
E vais doer-me,
Porque fui incapaz de me sustentar com o teu modesto carinho.
Por isso vai, não deixes rasto,
Não te quero seguir até ao fim,
Quero caminhar a teu lado.
07 outubro 2006
Serenata - Tratamento de um Mal-amado
Permita-me que eu feche os meus olhos,
Pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas uma demora,
E cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
Que me conforme em ser sózinha.
Há uma doce luz no silêncio
E a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
Para um céu maior que este mundo,
E aprenda a ser dócil no sonho
Como as estrelas no seu rumo.
CM
Dialética
É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizivel emoção
É claro que te acho linda,
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste.
VM
E a alegria, a única indizivel emoção
É claro que te acho linda,
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste.
VM
03 outubro 2006
Ensaio sobre a Cegueira
Seguindo a luz apagada
Do sol que apenas se sente
Na pele arrepiada
Pelo medo da solidão cegada.
Entre corredores,
Paredes mal pintadas,
Portas de celas fechadas,
Pianos abandonados pelo tempo.
As escadas,
Interminável sofoco,
Esmagam a cada passo meio louco.
Os sons, os odores, o tacto,
A descoberta do mundo
Pelos sentidos mais adormecidos,
A descoberta daquilo que tão facilmente descobrimos,
De olhos bem abertos,
Agora saboreado, desvendado,
Até ao ínfimo detalhe do toque,
E sempre de olhos vendados.
As recordações a que isto transporta,
Desde ecrãs cinematográficos,
Hospitais abandonados,
Até ao Ensaio sobre a Cegueira de Saramago,
Na qual, a única diferença entre essa ficção e a nossa realidade,
É que eles, os cegos, viam em branco,
E nós, apenas o preto, vermelho e laranja tocamos.
Não estamos doentes,
Somos apenas alunos da Sensibilidade.
E quando abrimos os olhos e tiramos a venda,
Já não sabemos quem éramos,
Rimos e choramos,
Fingimo-nos felizes,
Fingimo-nos de parvos,
Mas no fim de contas somos crianças ângustiadas,
Que não sabem representar.
Somos inconstantes,
Já não sabemos sentir as coisas impalpáveis,
Porque não se podem tocar,
Já não há significado para o agir,
Quanto menos para o pensar.
Estamos cegos e vazios.
01 outubro 2006
Se tudo fosse saudade...
Nas mãos teriamos malas de viagem,
Onde guardariamos restos de momentos perdidos
Na estação de comboio, na fábrica abandonada, na casa desabitada.
Na carne teríamos corpos celestes
Que se atrairiam à medida que o Universo
Pontualmente curvo se dispersava incessantemente
No nada que ninguém criou...
Se tudo fosse saudade só te diria que te quero aqui...
13 setembro 2006
E voltaste?
Talvez amanhã te esqueças
Da porta que se tranca
Dos lençois que te separam
Da loucura branda.
Talvez amanhã suspires
Por tamanha alegria
Por tamanho ardor
De tanto sorrires.
Talvez amanhã ignores
O teu ouvido
Que tem permitido
Conheceres tantas dores.
Talvez amanhã compreendas
As amarguras
Mas talvez não te lembres
Que foste espectadora.
Talvez amanhã quando acordares
A meio da noite
Não espreites e não chores
Por aquilo que não mereces saber.
Talvez amanhã quando gritares
Alguém te salve
Do silêncio da inocência
Que te consumiu
Durante a vida.
Da porta que se tranca
Dos lençois que te separam
Da loucura branda.
Talvez amanhã suspires
Por tamanha alegria
Por tamanho ardor
De tanto sorrires.
Talvez amanhã ignores
O teu ouvido
Que tem permitido
Conheceres tantas dores.
Talvez amanhã compreendas
As amarguras
Mas talvez não te lembres
Que foste espectadora.
Talvez amanhã quando acordares
A meio da noite
Não espreites e não chores
Por aquilo que não mereces saber.
Talvez amanhã quando gritares
Alguém te salve
Do silêncio da inocência
Que te consumiu
Durante a vida.
12 setembro 2006
À deriva na floresta
Aquele oceano tão seco
Do que não aconteceu
Foi berço que nos embalou
No barco frágil,
Como o céu que se deixou rasgar
Por nossos rastos de luz.
A madrugada ruidosa,
O calor das ondas
Do corpo teu
Que emana o passado
Esquecido entre nós,
Para todo o sempre.
Foram estrelas, foram pássaros,
Foi solidão, foi saudade,
Fomos nós a verdade,
Daquela viagem sem tempo,
Daquilo que idealizámos,
Daquilo que desprezámos,
Mas que foi bom em nossos pensamentos.
Rua do Sol Nascente
Quem me dera que também tua conhecesses esta sensação,
Explorasses comigo esta rua,
Do amor pelo Outono,
Pela calçada húmida.
Aqueles vestigios de outros tempos,
De outras saudades já sentidas,
Quem dera que tu sentisses a sua presença,
Que conseguisses perceber a respiração do Universo, ali.
Os batimentos do coração do Mundo
São mais fortes aqui nesta rua,
Em que as folhas se colam à estrada
Pela força das gotas de chuva.
O cheiro a suor da Terra aqui é mais intenso,
As luses da rua ainda acesas, e sempre acesas,
O céu carregado de nuvens,
E de rosas e laranjas.
Ainda quero que sintas isto comigo,
Ainda quero que agarres esta sensação,
Ainda te quero mostrar como é esta rua,
O número 4 do Sol Nascente do meu coração!
Explorasses comigo esta rua,
Do amor pelo Outono,
Pela calçada húmida.
Aqueles vestigios de outros tempos,
De outras saudades já sentidas,
Quem dera que tu sentisses a sua presença,
Que conseguisses perceber a respiração do Universo, ali.
Os batimentos do coração do Mundo
São mais fortes aqui nesta rua,
Em que as folhas se colam à estrada
Pela força das gotas de chuva.
O cheiro a suor da Terra aqui é mais intenso,
As luses da rua ainda acesas, e sempre acesas,
O céu carregado de nuvens,
E de rosas e laranjas.
Ainda quero que sintas isto comigo,
Ainda quero que agarres esta sensação,
Ainda te quero mostrar como é esta rua,
O número 4 do Sol Nascente do meu coração!
08 setembro 2006
Maçã
Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
Assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom não cai
Mas se um dia ele cai, cai bem
Capoeira me mandou dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou vai ter briga de amor
Tristeza, camará
25 agosto 2006
Em ti Kafka
Tenho medo,
Terror de mim próprio,
Porque não consigo caminhar justamente,
Porque me perdi
E já não me encontro.
Tenho terror porque estou só,
Porque o barulho é tanto e a água vai subindo,
Porque já ninguém me salva,
De mim próprio,
Da minha mente,
Imaginação,
Fértil em perversão.
Tenho dias, talvez meses,
Mas tenho que fugir desta pele que me consome,
Desta carne que me queima,
E encontrar aquela outra alma,
Que este corpo fez abandonar.
Agora é muito mais difícil,
Deitei as minhas armas fora,
Estou sem protecção,
Apenas tenho as minhas mãos,
Que só servem para me asfixiar.
As marés estão desordenadas,
O vento está contra mim,
A minha boca tem medo das alturas,
Os meus olhos aterrorizam-se com a destruição,
Já não sabem distinguir o real da ficção.
Preciso encontrar-Te,
Aniquilar-me e
Renascer...
Terror de mim próprio,
Porque não consigo caminhar justamente,
Porque me perdi
E já não me encontro.
Tenho terror porque estou só,
Porque o barulho é tanto e a água vai subindo,
Porque já ninguém me salva,
De mim próprio,
Da minha mente,
Imaginação,
Fértil em perversão.
Tenho dias, talvez meses,
Mas tenho que fugir desta pele que me consome,
Desta carne que me queima,
E encontrar aquela outra alma,
Que este corpo fez abandonar.
Agora é muito mais difícil,
Deitei as minhas armas fora,
Estou sem protecção,
Apenas tenho as minhas mãos,
Que só servem para me asfixiar.
As marés estão desordenadas,
O vento está contra mim,
A minha boca tem medo das alturas,
Os meus olhos aterrorizam-se com a destruição,
Já não sabem distinguir o real da ficção.
Preciso encontrar-Te,
Aniquilar-me e
Renascer...
Psicologia
Invadidos pelo tal sentimento
De quando aquele cheiro,
A terra molhada nos inunda,
Perdemos as forças,
Caímos de joelhos,
Fazemos perguntas,
Gastamos lágrimas,
Suspiramos mudanças.
Ficamos acordados até chegar a madrugada,
Até sentirmos saudades dos antigos amigos,
Aqueles que nunca nos telefonaram,
Que nunca chegámos a tocar,
Mas com quem compartilhamos alegrias secretas e silêncios públicos,
A eles amámos e eles nos amaram.
Agora somos insensíveis,
Perdemos o Norte,
Não vivemos, nem sequer respiramos,
Apenas vagueamos nas asas do desejo,
De sermos melhores.
Queriamos tanto pegar-lhe ao colo,
Limpar-lhe as lágrimas,
Pedir-lhe desculpa,
Protejê-la de nós e deste mundo cruel,
Que não lhe deu a meninice,
Nem sonhos realizáveis,
Queriamos-lhe cantar:
"Mamã, mamã,
Onde estás tu, mamã?
Nós sem ti não sabemos, mamã,
Libertar-nos do mal..."
Queremos amar-te, mamã...
De quando aquele cheiro,
A terra molhada nos inunda,
Perdemos as forças,
Caímos de joelhos,
Fazemos perguntas,
Gastamos lágrimas,
Suspiramos mudanças.
Ficamos acordados até chegar a madrugada,
Até sentirmos saudades dos antigos amigos,
Aqueles que nunca nos telefonaram,
Que nunca chegámos a tocar,
Mas com quem compartilhamos alegrias secretas e silêncios públicos,
A eles amámos e eles nos amaram.
Agora somos insensíveis,
Perdemos o Norte,
Não vivemos, nem sequer respiramos,
Apenas vagueamos nas asas do desejo,
De sermos melhores.
Queriamos tanto pegar-lhe ao colo,
Limpar-lhe as lágrimas,
Pedir-lhe desculpa,
Protejê-la de nós e deste mundo cruel,
Que não lhe deu a meninice,
Nem sonhos realizáveis,
Queriamos-lhe cantar:
"Mamã, mamã,
Onde estás tu, mamã?
Nós sem ti não sabemos, mamã,
Libertar-nos do mal..."
Queremos amar-te, mamã...
11 agosto 2006
Voz
Também quando Govinda olhou para aquele rosto
Aquele rosto já cansado e velho,
Aquele rosto calmo e simples, que tantas formas tomava
Também ele viu a minha face, os meus olhos,
Que tal como os do novo Sublime procuram o verdadeiro Eu, a Unidade.
Também ele viu o meu nascimento, a minha juventude, a minha velhice, a minha morte,
Mas não em separado,
Quando olhou para o rosto do Sublime e viu todas aquelas faces,
Quando olhou para aquele rosto ancião e viu a minha face,
Viu todas as coisas como uma continuidade,
Como toda uma roda da perfeição,
Como um.
O passado, o presente e o futuro não existiam naqueles rostos,
O tempo morreu naquela face,
O Sublime descobrira a Verdade,
E a Verdade somos todos nós,
A Verdade são todas as coisas,
A Verdade é uma só.
E em todas estas coisas ecoava uma só palavra,
Um só som,
Aquilo que os indianos chamam o Om sagrado,
Que não é mais do que o som do Universo,
A voz do Mundo e do seu povo de crianças, que são os homens,
A Verdade surgia assim:
O Perfeito Amor.
Aquele rosto já cansado e velho,
Aquele rosto calmo e simples, que tantas formas tomava
Também ele viu a minha face, os meus olhos,
Que tal como os do novo Sublime procuram o verdadeiro Eu, a Unidade.
Também ele viu o meu nascimento, a minha juventude, a minha velhice, a minha morte,
Mas não em separado,
Quando olhou para o rosto do Sublime e viu todas aquelas faces,
Quando olhou para aquele rosto ancião e viu a minha face,
Viu todas as coisas como uma continuidade,
Como toda uma roda da perfeição,
Como um.
O passado, o presente e o futuro não existiam naqueles rostos,
O tempo morreu naquela face,
O Sublime descobrira a Verdade,
E a Verdade somos todos nós,
A Verdade são todas as coisas,
A Verdade é uma só.
E em todas estas coisas ecoava uma só palavra,
Um só som,
Aquilo que os indianos chamam o Om sagrado,
Que não é mais do que o som do Universo,
A voz do Mundo e do seu povo de crianças, que são os homens,
A Verdade surgia assim:
O Perfeito Amor.
05 agosto 2006
Baunilha
O Outro subiu a rua sem olhar para trás,
Mas onde estavam os meus braços para o ir abraçar?
O espanto do Outro é maior que o Mundo,
Ao olhar os pés.
O amor do Outro pelas coisas é simples,
E não questiona.
O Outro engolia a sua Coca-Cola fresca de notícias,
Mas não as compartilhou,
Ouviu e guardou.
O Outro não sabe o que são espelhos,
Nunca se viu reflectido e por isso não faz comparações.
O Outro é mais olhos que boca,
E aquilo que vê não sabe descrever.
O outro não és Tu,
Mas parece que apenas te amo,
A Ti.
Mas onde estavam os meus braços para o ir abraçar?
O espanto do Outro é maior que o Mundo,
Ao olhar os pés.
O amor do Outro pelas coisas é simples,
E não questiona.
O Outro engolia a sua Coca-Cola fresca de notícias,
Mas não as compartilhou,
Ouviu e guardou.
O Outro não sabe o que são espelhos,
Nunca se viu reflectido e por isso não faz comparações.
O Outro é mais olhos que boca,
E aquilo que vê não sabe descrever.
O outro não és Tu,
Mas parece que apenas te amo,
A Ti.
02 agosto 2006
No entando não se pode matar um morto.
Esperei aquele homem antes que tivesse um nome, um rosto, quando não era mais do que a minha longínqua infelicidade.
Não olhei os homens a não ser como se olham os passantes diante do guiché de uma estação, a fim de termos a certeza de que não são aquilo que esperamos.
Foi por ele que a minha ama me enfaixou ao sair da minha mãe; foi para fazer as contas de ser lar de homem rico que aprendi o cálculo na ardósia da escola. Para pavimentar a estrada onde se pousaria talvez o pé desse desconhecido que faria de mim sua serva, teci lençóis e estandartes de ouro; à força de aplicação, deixei cair aqui e ali, sobre o tecido macio, algumas gotas do meu sangue.
Consenti em fundir-me no seu destino, como um fruto na boca, para não lhe trazer senão a sensação de felicidade.
Vós não o conhecestes senão engrandecido pela glória, epécie de enorme ídolo gasto pelas carícias das mulheres asiáticas. Apenas eu o frequentei na sua época de deus. Era-me doce, sobrecarregada com o peso da semente humana, pousar as mãos sobre o meu ventre espesso onde cresciam os meus filhos. À noite, de regresso da caça, lançava-me com alegria contra o seu peito de ouro. Mas os homens não são feitos para passar toda a cida a aquecer as mãos na fogueira de um mesmo lar: ele partiu para novas conquistas, e deixou-me ali como uma casa vazia cheia do bater de um grande relógio.
O tempo passado longe dele corria sem emprego, gota a gota ou por torrentes, como sangue perdido, deixando-me em cada dia mais empobrecida de futuro.
Os anos seguiam-se ao longo das ruas desertas como uma procissão de viúvas; a praça da aldeia estava negra de mulheres de luto. Eu invejava essas infelizes o não terem senão a terra por rival, e de saberem pelo menos que o seu homem dormia sozinho.
Substituia-me pouco a pouco ao homem que me fazia falta e pelo qual estava possuída.
Infiel áquele homem, imitava-o ainda.
Não há senão um homem no mundo: o resto não é para uma mulher senão um erro ou um triste mal menor. E o adultério não é muitas vezes mais do que uma forma desesperada de fidelidade. Se enganei alguém foi esse pobre Egisto. Tinha necessidade dele para saber até que ponto aquele que eu amava era insubstituivel.
Não olhei os homens a não ser como se olham os passantes diante do guiché de uma estação, a fim de termos a certeza de que não são aquilo que esperamos.
Foi por ele que a minha ama me enfaixou ao sair da minha mãe; foi para fazer as contas de ser lar de homem rico que aprendi o cálculo na ardósia da escola. Para pavimentar a estrada onde se pousaria talvez o pé desse desconhecido que faria de mim sua serva, teci lençóis e estandartes de ouro; à força de aplicação, deixei cair aqui e ali, sobre o tecido macio, algumas gotas do meu sangue.
Consenti em fundir-me no seu destino, como um fruto na boca, para não lhe trazer senão a sensação de felicidade.
Vós não o conhecestes senão engrandecido pela glória, epécie de enorme ídolo gasto pelas carícias das mulheres asiáticas. Apenas eu o frequentei na sua época de deus. Era-me doce, sobrecarregada com o peso da semente humana, pousar as mãos sobre o meu ventre espesso onde cresciam os meus filhos. À noite, de regresso da caça, lançava-me com alegria contra o seu peito de ouro. Mas os homens não são feitos para passar toda a cida a aquecer as mãos na fogueira de um mesmo lar: ele partiu para novas conquistas, e deixou-me ali como uma casa vazia cheia do bater de um grande relógio.
O tempo passado longe dele corria sem emprego, gota a gota ou por torrentes, como sangue perdido, deixando-me em cada dia mais empobrecida de futuro.
Os anos seguiam-se ao longo das ruas desertas como uma procissão de viúvas; a praça da aldeia estava negra de mulheres de luto. Eu invejava essas infelizes o não terem senão a terra por rival, e de saberem pelo menos que o seu homem dormia sozinho.
Substituia-me pouco a pouco ao homem que me fazia falta e pelo qual estava possuída.
Infiel áquele homem, imitava-o ainda.
Não há senão um homem no mundo: o resto não é para uma mulher senão um erro ou um triste mal menor. E o adultério não é muitas vezes mais do que uma forma desesperada de fidelidade. Se enganei alguém foi esse pobre Egisto. Tinha necessidade dele para saber até que ponto aquele que eu amava era insubstituivel.
M.Y.
31 julho 2006
Mentiras
Cortaste a própria língua
Para não revelares os segredos que não tens.
Porque te custa assim tanto ouvir a verdade?
Uma palavra serve para te cortar a razão.
Já não te conheço,
Tens medo.
E de quê? De mim?
As minhas mentiras são-te mais agradáveis
Do que a verdade do meu coração.
Este ar gélido que me trespassa o corpo
Faz-me ver que ainda existo para além das tuas mãos,
Para além dos teus lábios,
Muito para além da tua voz,
Porque poucas vezes me pronuncias na sofreguidão da noite.
Para ti todos os dias são areia,
Cada grão passa como tantos outros, não deixando rasto,
Na enormidade do deserto.
Para ti todas as noites são vitórias,
Glórias de guerras que nunca travaste,
Porque tu nunca pegaste em armas,
Porque tu nunca acertaste no teu próprio ventre.
E se para mim todas as lutas são com a minha lingua,
Com as minhas visceras,
Sendo eu presa fácil das minhas angústias,
As mentiras são a minha causa de morte,
Porque para ti a verdade tem sempre um preço,
Nem que seja de ver os teus olhos rebaixarem-se á luz da calçada,
E deixares-me apedrejada pelas minhas próprias palavras.
27 julho 2006
De tanto chorar o meu coração quebrou...
Acordei e começaram a cair estrelas do céu,
Caiam sobre a minha casa,
E eu via toda a minha familia de luto,
Via toda aquela gente transfigurada
E a música do assobio lá ao longe.
Sentia-me imunda, inerte
Fui até à rua e o fogo caia sobre mim,
Deixava-me inundar daquele ardor.
Estava a ver a minha vida,
O meu egoísmo, minha tristeza,
Infeliz que eu era enquanto as estrelas caiam sobre a minha cabeça.
O dia do juízo virá, e eu?
Quem serei eu?
Faz-me mal, eu sei...
Não sei aproveitar bem.
Não o consigo salvar, ele não me ouve,
Não me consigo salvar, eu já não vejo.
As estrelas cegaram-me.
Só sinto o meu fim.
Sentia que era este ano, no calor das estrelas,
Sem antes algum dia eu brilhar.
Não vou voltar para aquele lugar obscuro,
Naquele funeral macabro de mim mesma.
Prefiro ser queimada pelas estrelas,
E ver de que é feito o meu corpo.
Mesmo que não seja de diamantes,
Ao menos não será de cinza, de pó da terra.
Que caiam as estrelas do céu,
Esmaguem a terra,
Que eu sairei a correr,
Sairei na esperança de encontrar salvação,
Ainda que no meio da escuridão da cegueira.
Caiam sobre a minha casa,
E eu via toda a minha familia de luto,
Via toda aquela gente transfigurada
E a música do assobio lá ao longe.
Sentia-me imunda, inerte
Fui até à rua e o fogo caia sobre mim,
Deixava-me inundar daquele ardor.
Estava a ver a minha vida,
O meu egoísmo, minha tristeza,
Infeliz que eu era enquanto as estrelas caiam sobre a minha cabeça.
O dia do juízo virá, e eu?
Quem serei eu?
Faz-me mal, eu sei...
Não sei aproveitar bem.
Não o consigo salvar, ele não me ouve,
Não me consigo salvar, eu já não vejo.
As estrelas cegaram-me.
Só sinto o meu fim.
Sentia que era este ano, no calor das estrelas,
Sem antes algum dia eu brilhar.
Não vou voltar para aquele lugar obscuro,
Naquele funeral macabro de mim mesma.
Prefiro ser queimada pelas estrelas,
E ver de que é feito o meu corpo.
Mesmo que não seja de diamantes,
Ao menos não será de cinza, de pó da terra.
Que caiam as estrelas do céu,
Esmaguem a terra,
Que eu sairei a correr,
Sairei na esperança de encontrar salvação,
Ainda que no meio da escuridão da cegueira.
Última Hora
Só penso em ti
A minha televisão já nem funciona,
Deixei de estar ligada aos acontecimentos
Só estou ligada a ti.
Ela viola-me a alma,
Incrimina-me de todos os crimes
Sobrevoa a minha vida
Com uma frase de amor.
Como o mosquito sobrevoa a minha cama
Todas as noites sem cessar,
Na esperança instintiva de arranjar uma gota de sangue,
Por mais amarga que seja.
E alimenta-se, dia-a-dia,
Ficando em mim a borbulha,
A reacção alergica às suas acusações.
Nunca me peças tu o preço que ela exige,
Seria um amor tão caro como a vida
Mas por ti talvez a daria...
A minha televisão já nem funciona,
Deixei de estar ligada aos acontecimentos
Só estou ligada a ti.
Ela viola-me a alma,
Incrimina-me de todos os crimes
Sobrevoa a minha vida
Com uma frase de amor.
Como o mosquito sobrevoa a minha cama
Todas as noites sem cessar,
Na esperança instintiva de arranjar uma gota de sangue,
Por mais amarga que seja.
E alimenta-se, dia-a-dia,
Ficando em mim a borbulha,
A reacção alergica às suas acusações.
Nunca me peças tu o preço que ela exige,
Seria um amor tão caro como a vida
Mas por ti talvez a daria...
26 julho 2006
Depois de mim
Onde andas tu meu anjo?
E onde anda o meu olhar?
Que nem os meus olhos te beijam,
Nem o meu Deus me deixa amar...
Por ser eu mortal
E tu infinito
A minha vida traz me o sal
Desse mar que é o meu grito.
Por o nosso amor
Não encontrar o seu porto,
O meu refúgio é o meu mundo,
Onde tudo parece morto.
Não vai haver ninguém que faça chover assim...
Depois de mim...
Eu já não existo...
E onde anda o meu olhar?
Que nem os meus olhos te beijam,
Nem o meu Deus me deixa amar...
Por ser eu mortal
E tu infinito
A minha vida traz me o sal
Desse mar que é o meu grito.
Por o nosso amor
Não encontrar o seu porto,
O meu refúgio é o meu mundo,
Onde tudo parece morto.
Não vai haver ninguém que faça chover assim...
Depois de mim...
Eu já não existo...
ET
Estrela, estrela
Como ser assim?
Tão só, tão só
E nunca sofrer.
Brilhar, brilhar
Quase sem querer
Deixar, deixar
Ser o que se vê.
No corpo nu da constelação
Estás, estás sobre uma das mãos
E vais e vens como um lampião
Ao vento frio de um lugar qualquer.
É bom saber que és parte de mim
Assim como és parte das manhãs.
Melhor, melhor é poder gozar
Da paz, da paz que trazes aqui.
Eu canto, eu canto
Por poder te ver
No céu, no céu
Como um balão
Eu canto e sei que também me vês
Aqui, aqui com essa canção.
Gastei os trunfos
O canto do vento
O cerrar dos dentes
Desfeitos em raiva.
Almanaque dos disturbios
Minha alma vive dividida,
Entre a divindade ilusória e a ilusão da realidade.
Se não é por eles que vou ser feliz,
Por quem será?
Só vejo numa linha,
E estou presa
As cordas desse cifrão têm-me amarrada.
Mas porque é que a minha morte
Havia de ser injustiçada
Por um punhado de moedas?
Sigo o caminho frio
Em busca do ouro
E prossigo.
Não sei o futuro,
Não sei o fim desse jogo,
Já não sinto o fogo em mim...
O cerrar dos dentes
Desfeitos em raiva.
Almanaque dos disturbios
Minha alma vive dividida,
Entre a divindade ilusória e a ilusão da realidade.
Se não é por eles que vou ser feliz,
Por quem será?
Só vejo numa linha,
E estou presa
As cordas desse cifrão têm-me amarrada.
Mas porque é que a minha morte
Havia de ser injustiçada
Por um punhado de moedas?
Sigo o caminho frio
Em busca do ouro
E prossigo.
Não sei o futuro,
Não sei o fim desse jogo,
Já não sinto o fogo em mim...
24 julho 2006
Meninas
Têm que compreender:
Que as doze badaladas são o fim;
Que os olhos se inundam muito mais vezes;
Que tudo é muito mais frágil;
As dores são sempre maiores;
A morte é sempre mais cruel;
Que as horas são sempre efémeros segundos;
Que a vida é uma eterna prisão;
Que o prazer tem sempre castigo;
Que há sempre um pecado;
Nunca salvação;
Que a manhã é pesada e brusca;
Que os ombros têm mais responsabilidades;
Que as mãos carregam os traumas dos outros;
Que os sonhos são sempre ficção;
Que os homens só fazem feridas;
Mas a menina é que se torna no vilão.
Que as doze badaladas são o fim;
Que os olhos se inundam muito mais vezes;
Que tudo é muito mais frágil;
As dores são sempre maiores;
A morte é sempre mais cruel;
Que as horas são sempre efémeros segundos;
Que a vida é uma eterna prisão;
Que o prazer tem sempre castigo;
Que há sempre um pecado;
Nunca salvação;
Que a manhã é pesada e brusca;
Que os ombros têm mais responsabilidades;
Que as mãos carregam os traumas dos outros;
Que os sonhos são sempre ficção;
Que os homens só fazem feridas;
Mas a menina é que se torna no vilão.
14 julho 2006
Juncos Silvestres
Lisboa hás de ser sempre só,
Hás-de sempre parecer irreal,
Hás-de sempre alimentar esperanças e de matar paixões,
No acto supostamente mais puro das coisas.
Lisboa, hás-de sempre ter essas casas
Que me parecem sempre minhas
Sem nunca as ter habitado,
Hás-de sempre me mostrar esse meu lado mais honesto, mais lusitano.
Mas esse fado que encerras nas tuas ruas,
Essa pobreza que quer trespassar a alma,
Há sempre de me levar à fatalidade,
A um erro que, num minuto, te retira essa tua atmosfera de progresso.
Lisboa, lembras-me a saudade que tenho de mim,
E agora sinto esta tristeza
De não te voltar a encontrar.
O encontro na mística de azul e rio...
05 julho 2006
04 julho 2006
O pintor morreu...
Hoje voltei a sonhar com a tua partida,
Sinto que vais partir antes de mim, sem mim,
E que eu vou ficar mais tempo.
O comboio a partir
Já nem consigo distinguir
A tua farda e a cabeça rapada
No meio de tantas outras.
O tempo não passa,
Tu é que passas por ele,
Sem nunca lhe pedir para ele me levar até ti...
A toalha branca na mesa,
Parece agora mais branca de solidão,
E a tua pele cada vez mais negra,
Do cativeiro solar.
As minhas mãos na água,
Os lençois do teu leito magmático a lavar,
Os nossos segredos e teias a secar,
Pelo contar dos anos,
O teu cheiro a desaparecer do meu mundo,
Pelo contar dos meses.
Vejo o carteiro a chegar,
Trazendo a notícia de que nunca mais vais voltar,
Perdido na selva da glória,
Nas luzes da ribalta,
Não há guerras, não há histórias para contar.
Apenas eu, sózinha nesta cidade amaldiçoada,
Fechada no teu olhar, já sem luz.
E a tua linhagem terminou,
Pintor, nem em mim deixaste em vez de sangue a tinta de teus quadros.
Em mim só retrataste mágoas,
E agora me aniquilas, sem me eternizar.
Permanecem as tuas telas, os teus pinceis,
Que me vão lembrando da tua vaga existência,
Do teu vago beijo da despedida,
Que talvez tenhas relembrado
Quando a bala te tirou a vida...
Sinto que vais partir antes de mim, sem mim,
E que eu vou ficar mais tempo.
O comboio a partir
Já nem consigo distinguir
A tua farda e a cabeça rapada
No meio de tantas outras.
O tempo não passa,
Tu é que passas por ele,
Sem nunca lhe pedir para ele me levar até ti...
A toalha branca na mesa,
Parece agora mais branca de solidão,
E a tua pele cada vez mais negra,
Do cativeiro solar.
As minhas mãos na água,
Os lençois do teu leito magmático a lavar,
Os nossos segredos e teias a secar,
Pelo contar dos anos,
O teu cheiro a desaparecer do meu mundo,
Pelo contar dos meses.
Vejo o carteiro a chegar,
Trazendo a notícia de que nunca mais vais voltar,
Perdido na selva da glória,
Nas luzes da ribalta,
Não há guerras, não há histórias para contar.
Apenas eu, sózinha nesta cidade amaldiçoada,
Fechada no teu olhar, já sem luz.
E a tua linhagem terminou,
Pintor, nem em mim deixaste em vez de sangue a tinta de teus quadros.
Em mim só retrataste mágoas,
E agora me aniquilas, sem me eternizar.
Permanecem as tuas telas, os teus pinceis,
Que me vão lembrando da tua vaga existência,
Do teu vago beijo da despedida,
Que talvez tenhas relembrado
Quando a bala te tirou a vida...
26 junho 2006
Dele não digam mal nem bem, porque ele está acima do bem e do mal...
Fui à tua procura,
E subi o jardim, virei na esquina,
Entrei pela porta da tua suposta casa,
Estava lá toda a gente,
E eu procurava-te, no meio daquela pequena multidão,
Onde estavas?
Por mais que chamasse por ti apenas via uma pequena parte do teu todo,
Por mais que rebuscasse em mim o teu sentido
Só conseguia pensar-te no meio daquele pinhal,
À beira-mar, calmo e mudo.
Nem uma palavra nem um gesto,
Apenas o olhar,
Aquele olhar de quem nada desconhece,
Mas que precisa de fazer todas as perguntas possiveis,
Precisa de obter todas as respostas.
E a tua casa estava quase morta,
A tua chama quase apagada,
O fogo caía do céu.
Fugi, escapei,
Ou então fui engolida por um mal maior,
Não sei...
Não me arrependo de ter andado perdida,
Sei que ainda existes, apesar da tua casa ter ardido,
O tempo está a acabar, mas eu encontro-te,
Ali, tão perto,
Quando vou andando de costas voltadas para o futuro,
E o vejo, naquela sua felicidade.
Então, conversamos durante a viagem,
Falas-me das catástrofes naturais, dos lugares que costumas visitar,
Eu ouço, deixei de gostar de falar de mim.
Ouço com atenção, e sei que enquanto falas ouves todo o meu pensamento.
Enquanto falas sabes-me do principio ao fim.
É assim que te vejo, outra vez...
Compreendes-me, e lamentas a minha condição,
Mas que importância têm aquelas noites no alto
Comparadas com todo o meu intímo,
Com toda a ordem geral do Universo?
Despeço-me...
Gostei de te ver assim.
Toco a campainha,
Insistes ainda em comentar a condição dos teus sete palmos de terra,
De que me darás ainda uma noite como outras passadas em mim.
Desço do autocarro, vejo-te partir...
Passo a estrada,
Sinto o vento,
Sinto-me reconfortada...
Tinha saudades Tuas.
E subi o jardim, virei na esquina,
Entrei pela porta da tua suposta casa,
Estava lá toda a gente,
E eu procurava-te, no meio daquela pequena multidão,
Onde estavas?
Por mais que chamasse por ti apenas via uma pequena parte do teu todo,
Por mais que rebuscasse em mim o teu sentido
Só conseguia pensar-te no meio daquele pinhal,
À beira-mar, calmo e mudo.
Nem uma palavra nem um gesto,
Apenas o olhar,
Aquele olhar de quem nada desconhece,
Mas que precisa de fazer todas as perguntas possiveis,
Precisa de obter todas as respostas.
E a tua casa estava quase morta,
A tua chama quase apagada,
O fogo caía do céu.
Fugi, escapei,
Ou então fui engolida por um mal maior,
Não sei...
Não me arrependo de ter andado perdida,
Sei que ainda existes, apesar da tua casa ter ardido,
O tempo está a acabar, mas eu encontro-te,
Ali, tão perto,
Quando vou andando de costas voltadas para o futuro,
E o vejo, naquela sua felicidade.
Então, conversamos durante a viagem,
Falas-me das catástrofes naturais, dos lugares que costumas visitar,
Eu ouço, deixei de gostar de falar de mim.
Ouço com atenção, e sei que enquanto falas ouves todo o meu pensamento.
Enquanto falas sabes-me do principio ao fim.
É assim que te vejo, outra vez...
Compreendes-me, e lamentas a minha condição,
Mas que importância têm aquelas noites no alto
Comparadas com todo o meu intímo,
Com toda a ordem geral do Universo?
Despeço-me...
Gostei de te ver assim.
Toco a campainha,
Insistes ainda em comentar a condição dos teus sete palmos de terra,
De que me darás ainda uma noite como outras passadas em mim.
Desço do autocarro, vejo-te partir...
Passo a estrada,
Sinto o vento,
Sinto-me reconfortada...
Tinha saudades Tuas.
19 junho 2006
Indie Little Star
Nunca me olhas
Nunca me escutas
Nunca me beijas
Nunca me disfrutas
Nunca me respondes.
Sempre me desprezas
Sempre me silencias
Sempre me evitas
Sempre me agonizas
Sempre me questionas.
Porque tu queres que eu seja,
Porque eu nada sou,
Porque tu és simplesmente,
Porque eu não atinjo o que és,
Porque tu perguntas sempre: Porquê?
Nunca me escutas
Nunca me beijas
Nunca me disfrutas
Nunca me respondes.
Sempre me desprezas
Sempre me silencias
Sempre me evitas
Sempre me agonizas
Sempre me questionas.
Porque tu queres que eu seja,
Porque eu nada sou,
Porque tu és simplesmente,
Porque eu não atinjo o que és,
Porque tu perguntas sempre: Porquê?
Alguém me ouviu?
Oh quão silênciosa é a minha vida,
Ele, o eterno Silêncio, presênciou o meu nascimento,
E encarnou em mim.
Em mim está o eterno Silêncio.
A minha voz calada, imunda,
Que alguém pôs dentro deste corpo
Não consegue superar o conforto
De dois lábios aparentemente cerrados,
Aparentemente inócuos.
Mas é então, nestes dedos gélidos,
Que ao tremor maquiavélico
Se pronunciam e se revelam,
Que permanece a força dessa muda voz.
É nas minhas palavras agudas
Na minha escrita desnuda
Que morre a minha voz,
E permanece esse sofoco atroz
De calar a amargura e a vontade
De te estimar.
17 junho 2006
Nós temos cinco sentidos: são dois pares e meio de asas.
Gosto do silêncio
De manter a água na boca
A refrescar a solidão.
Detesto pensar que não lhe vou telefonar,
Que telefonarei a qualquer alguém
Menos a ele.
Gosto de escrever a vermelho,
Nas páginas lisas deste meu sofoco.
Ainda não te ofereci o meu presente,
Mas com tanta coisa mais importante
Esqueces que fiquei ao frio e ao vento,
De chinelas, só para te voltar a abraçar.
E deves estar a cair de moribundo,
Todo aquele calor artificial a percorrer-te o corpo,
Mas gostas,
E esqueces o cansaço.
E aquele alguém deve estar como eu,
Entre quatro paredes trancado,
A comer do pó dos livros,
A beber da chuva de Verão.
Porém escolhi-te,
Até o meu café ficar gelado,
Até as minhas mãos ficarem quentes,
Tão quentes que não suportam agarrar as tuas.
E faz dez anos, que o outro alguém partiu,
No meio do anónimato,
No meio do nada, como ele pediu,
E só hoje conheci a sua verdadeira casa,
Só hoje consegui abrir a sua gaveta,
E deixar a flor,
A sua flor ficou, em mim.
Pelo menos está em mim
E fica.
A David Ferreira
Lacrimosa
Naquela noite subia lentamente as escadas,
E a tempestade, os raios, os relâmpagos
As grossas gotas que lhe escorriam pela face,
Tudo foi presságio do crime.
A pistola na mala, o sangue na camisola,
As mãos e o corpo suado de ter abafado uma vida
Entre gestos fúteis, inúteis, imundos.
O corpo no sofá petrificado,
As almofadas sujas, a camisa, o casaco,
O copo no chão, o whiskey entornado,
A janela aberta deixando entrar a madrugada,
Para apagar os vestígios do perfume.
E descia a rua, depois da porta trancada,
Quase nua, transfigurada,
Só guardava no peito o retrato
Do amante que havia aniquilado.
Estava feliz, havia trovoada,
A luz era irregular e chuva era escassa.
E depois de entrar no táxi despreocupada,
Chorou contente,
A sentença estava tomada.
E a tempestade, os raios, os relâmpagos
As grossas gotas que lhe escorriam pela face,
Tudo foi presságio do crime.
A pistola na mala, o sangue na camisola,
As mãos e o corpo suado de ter abafado uma vida
Entre gestos fúteis, inúteis, imundos.
O corpo no sofá petrificado,
As almofadas sujas, a camisa, o casaco,
O copo no chão, o whiskey entornado,
A janela aberta deixando entrar a madrugada,
Para apagar os vestígios do perfume.
E descia a rua, depois da porta trancada,
Quase nua, transfigurada,
Só guardava no peito o retrato
Do amante que havia aniquilado.
Estava feliz, havia trovoada,
A luz era irregular e chuva era escassa.
E depois de entrar no táxi despreocupada,
Chorou contente,
A sentença estava tomada.
07 junho 2006
I wanna die...
It's not unusual to be loved by anyone
It's not unusual to have fun with anyone
It's not unusual to see you cry,
It's not unusual to go out at any time
It's not unusual, to be mad with anyone
It's not unusual, to be sad with anyone
It's not unusual to find out that I'm in love with you...
It's not unusual to have fun with anyone
It's not unusual to see you cry,
It's not unusual to go out at any time
It's not unusual, to be mad with anyone
It's not unusual, to be sad with anyone
It's not unusual to find out that I'm in love with you...
06 junho 2006
Contigo
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérora redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
SMB
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérora redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
SMB
04 junho 2006
Lenda
Os pés voavam
As cinturas apertadas pelas mãos,
O calor, os cabelos.
Os ritmos acelaravam,
O alcool corria,
Veia a veia,
Bombardeando os corpos de sentido.
Não havia pares,
Não havia música,
Não havia chão,
Apenas solidão.
Somos todos crescidos,
Chegamos tarde,
Não lavamos loiça,
Somos egoístas.
Bebemos, fumamos
Temos muitos amigos,
Não precisamos de ninguém faminto
Por receber.
Chegamos uns para os outros,
Dançamos na ilusão,
Pulamos de tristezas,
Vivemos de incertezas.
Quando vai parar,
Quando nos vão sussurar de novo
A mais linda música de encerrar a consciência?
Quem nos dera que a luz faltasse!
01 junho 2006
Day 1 - The Last one
Waves, then goodbye
I live in a wafer thin dream
I, I can cry
You know that time, time's not kind
But I remember the way we were
Slow, slow sad love
I wonder do you miss my love
I know you can't
It's just a wave passing over me
What are these waves?
They're coming over me
It must be my destiny
Waves, coming by
Goodbye, goodbye
What are these waves?
They're coming over me
It must be my destiny
I live in a wafer thin dream
I, I can cry
You know that time, time's not kind
But I remember the way we were
Slow, slow sad love
I wonder do you miss my love
I know you can't
It's just a wave passing over me
What are these waves?
They're coming over me
It must be my destiny
Waves, coming by
Goodbye, goodbye
What are these waves?
They're coming over me
It must be my destiny
Praga
Relembrar-te é como suster a respiração.
Recordar-te, naqueles dias, é como mergulhar
E deixar a água percorrer-me os pulmões, as veias, o coração.
Ter em minha mente o desejo do teu toque,
Do teu compromisso, é como caminhar sobre as pedras
Abandonadas à beira-mar,
Daquele mar que não nos diz nada.
A tua roupa, o teu caminhar,
Voltar atrás só para abraçar o momento,
Fazer votos,
Sonhar o futuro incompleto.
Tenho saudades desse frio,
Do gelar da racionalidade,
Saudades do calor da tua pele, do fervilhar da tempestade,
Na intemporalidade dos nossos ideais.
Que escondes tu
Por entre esses dedos,
No teu crânio primitivo
E brusco?
Há sempre uma palavra entre nós,
Uma ou talvez milhares delas,
Mas as palavras são pedras
E eu não as quero voltar a pisar.
Satisfazes-me na humilhação,
Compreendes-me pela separação,
Perturbas-me com a tua alegria.
Reencaminhas-me para a velha chama,
Para a mesma brisa,
Da mesma maneira que me dizes: "Vai!"
E eu deixo, e doi-me tanto,
Mas calo e vou continuando,
Vou gastando, vou amando.
Recordar-te, naqueles dias, é como mergulhar
E deixar a água percorrer-me os pulmões, as veias, o coração.
Ter em minha mente o desejo do teu toque,
Do teu compromisso, é como caminhar sobre as pedras
Abandonadas à beira-mar,
Daquele mar que não nos diz nada.
A tua roupa, o teu caminhar,
Voltar atrás só para abraçar o momento,
Fazer votos,
Sonhar o futuro incompleto.
Tenho saudades desse frio,
Do gelar da racionalidade,
Saudades do calor da tua pele, do fervilhar da tempestade,
Na intemporalidade dos nossos ideais.
Que escondes tu
Por entre esses dedos,
No teu crânio primitivo
E brusco?
Há sempre uma palavra entre nós,
Uma ou talvez milhares delas,
Mas as palavras são pedras
E eu não as quero voltar a pisar.
Satisfazes-me na humilhação,
Compreendes-me pela separação,
Perturbas-me com a tua alegria.
Reencaminhas-me para a velha chama,
Para a mesma brisa,
Da mesma maneira que me dizes: "Vai!"
E eu deixo, e doi-me tanto,
Mas calo e vou continuando,
Vou gastando, vou amando.
31 maio 2006
My Tornado
28 maio 2006
Fumo
Consigo ainda vislumbrar as noites em que apareceram sem avisar
Cada um com seu fato especial
Seu ar peculiar.
Tenho saudades desse tempo,
De interioridade.
Agora tudo morreu,
Assassinei a minha originalidade.
Quero recuperá-la mas não consigo,
É impossivel.
Sábado:
Chovia tão fortemente,
Ainda te lembras?
Foi uma confusão,
Contigo sempre foi tudo uma confusão,
De sentimentos, de sentidos, de movimentos.
Foi aí tenho certeza, não sei porquê,
Nunca se sabe.
Sexta:
Era noite,
Relembro os braços, os abraços,
A flor na lapela.
Foi a coisa mais inesquecível que alguma vez me fizeram,
Gostava, e eu gostava tanto de nós.
Quinta:
Foste a coisa mais terrivel que me aconteceu,
Nunca chorei tanto por ninguém,
Não esqueço, aquela Páscoa,
Não esqueço aquele sorriso.
Mas milhares de anos luz nos separam,
Milhares de possibilidades, de utopias.
Domingo:
Encontrei-te no acaso,
Não sei ainda o que és,
Só sei que existes,
És tu, sou eu,
São eles, e eles unem-nos.
Apenas...
Segunda:
Nunca foste ilusão,
Tudo em ti era racional,
Tão racional que não te conseguias exprimir,
E por isso foste
Sem antes deixares tua marca.
Terça:
O caminho mais acertado és tu,
Porém o menos excitante,
Tudo em ti é passado,
Tudo em ti é sagrado,
É fechado.
Quarta:
Exterioridade,
A tua casa, o teu cheiro,
Tua insuficiencia sentimental,
De avançar,
És criança demais para amar.
Não sei, não vejo.
Quem sabe talvez um dia, se homens se aves,
Alguém virá para nos encontrar.
De memórias desertas, cobertas de palavras mortas,
De folhas carbonizadas, dispersas pelo vento,
E pelo alento das nossas almas caladas.
Cada um com seu fato especial
Seu ar peculiar.
Tenho saudades desse tempo,
De interioridade.
Agora tudo morreu,
Assassinei a minha originalidade.
Quero recuperá-la mas não consigo,
É impossivel.
Sábado:
Chovia tão fortemente,
Ainda te lembras?
Foi uma confusão,
Contigo sempre foi tudo uma confusão,
De sentimentos, de sentidos, de movimentos.
Foi aí tenho certeza, não sei porquê,
Nunca se sabe.
Sexta:
Era noite,
Relembro os braços, os abraços,
A flor na lapela.
Foi a coisa mais inesquecível que alguma vez me fizeram,
Gostava, e eu gostava tanto de nós.
Quinta:
Foste a coisa mais terrivel que me aconteceu,
Nunca chorei tanto por ninguém,
Não esqueço, aquela Páscoa,
Não esqueço aquele sorriso.
Mas milhares de anos luz nos separam,
Milhares de possibilidades, de utopias.
Domingo:
Encontrei-te no acaso,
Não sei ainda o que és,
Só sei que existes,
És tu, sou eu,
São eles, e eles unem-nos.
Apenas...
Segunda:
Nunca foste ilusão,
Tudo em ti era racional,
Tão racional que não te conseguias exprimir,
E por isso foste
Sem antes deixares tua marca.
Terça:
O caminho mais acertado és tu,
Porém o menos excitante,
Tudo em ti é passado,
Tudo em ti é sagrado,
É fechado.
Quarta:
Exterioridade,
A tua casa, o teu cheiro,
Tua insuficiencia sentimental,
De avançar,
És criança demais para amar.
Não sei, não vejo.
Quem sabe talvez um dia, se homens se aves,
Alguém virá para nos encontrar.
De memórias desertas, cobertas de palavras mortas,
De folhas carbonizadas, dispersas pelo vento,
E pelo alento das nossas almas caladas.
Traças
Há muito que não te toco
Há muito que não tenho inspiração para te mudar
Te mutar...
Elas voam lá no alto,
A dança à luz da anormalidade.
E tu longe, tão longe,
Não te consigo pensar,
Imaginar.
Não existes para mim,
Apenas existem os outros,
Esse meu novo vício.
E quando elas descerem,
Quando as respirarmos
Como numa tempestade de areia,
Os nossos olhos ficarão cobertos de poeira,
E as nossas bocas cheias das palavras,
Das palavras que deviam ter sido ditas.
E já não nos atingiremos,
Não teremos armas,
Porque tudo já passou,
Já morreu,
Já se afastou,
Já não existe.
Há muito que não tenho inspiração para te mudar
Te mutar...
Elas voam lá no alto,
A dança à luz da anormalidade.
E tu longe, tão longe,
Não te consigo pensar,
Imaginar.
Não existes para mim,
Apenas existem os outros,
Esse meu novo vício.
E quando elas descerem,
Quando as respirarmos
Como numa tempestade de areia,
Os nossos olhos ficarão cobertos de poeira,
E as nossas bocas cheias das palavras,
Das palavras que deviam ter sido ditas.
E já não nos atingiremos,
Não teremos armas,
Porque tudo já passou,
Já morreu,
Já se afastou,
Já não existe.
14 maio 2006
Há harmonia.
Os fungos contaminam a parede,
Dançam descontentes,
lesionados, autistas!
São olhados de lado,
Desprezados pelo mundo ignorante.
E perguntam as horas
À porta da casa de banho,
E telefonam, sem saber a quem
Para obter respostas do além.
Já não têm familia,
Já não têm casa,
Dormem na rua,
Ao calor de um fogo sem brasas.
Queria um para mim,
Para cuidar, tratar,
Para preservar da pureza
Dos génios.
A doença é uma condição imposta
Por um Universo fechado
De gente mesquinha,
Dum ritmo descompassado.
Também eu sou doente
Por um passado,
Que não é meu,
Que foi ela que o quebrou,
Com a abominação da loucura,
Com o dominio da racionalidade.
Mas ela desapareceu e só permaneço eu...
Um fungo.
Dançam descontentes,
lesionados, autistas!
São olhados de lado,
Desprezados pelo mundo ignorante.
E perguntam as horas
À porta da casa de banho,
E telefonam, sem saber a quem
Para obter respostas do além.
Já não têm familia,
Já não têm casa,
Dormem na rua,
Ao calor de um fogo sem brasas.
Queria um para mim,
Para cuidar, tratar,
Para preservar da pureza
Dos génios.
A doença é uma condição imposta
Por um Universo fechado
De gente mesquinha,
Dum ritmo descompassado.
Também eu sou doente
Por um passado,
Que não é meu,
Que foi ela que o quebrou,
Com a abominação da loucura,
Com o dominio da racionalidade.
Mas ela desapareceu e só permaneço eu...
Um fungo.
Cheirava a terra, a chuva e a flores
Enquanto andava pelo vale da sombra da morte
Me recordei, e lembrei que já te senti antes.
Mas esqueci, adormeci...
E agora ao caminhar percebi que este corpo que habito não é meu,
Todo o chão que piso não é só chão,
Que todo o meu objectivo me ultrapassa,
Porque eu não sou minha propriedade.
Senti como que as feridas desse massacre
Estivessem a abrir, a dor penetrava,
Mas era para um bem maior,
Para o meu novo nascimento.
Então, andando pelas sombras,
Eu me recordei de antigos abraços,
De antigas sensações e a saudade apoderou-se de mim...
Recordei o cheiro, a brisa, os erros,
O afastamento.
Nos meus sonhos regresso a esse lugar,
Agora quase desaparecido da minha memória,
E consigo voltar a abraçar, a sentir,
Os meus irmãos, que partilham do mesmo objectivo transcendente.
Não é ilusão, aplica-se a esta realidade empobrecida.
Este corpo que habito não é meu,
Por isso quero mudar de rumo,
Deixar marca, nos espiritos, não no mundo.
Me recordei, e lembrei que já te senti antes.
Mas esqueci, adormeci...
E agora ao caminhar percebi que este corpo que habito não é meu,
Todo o chão que piso não é só chão,
Que todo o meu objectivo me ultrapassa,
Porque eu não sou minha propriedade.
Senti como que as feridas desse massacre
Estivessem a abrir, a dor penetrava,
Mas era para um bem maior,
Para o meu novo nascimento.
Então, andando pelas sombras,
Eu me recordei de antigos abraços,
De antigas sensações e a saudade apoderou-se de mim...
Recordei o cheiro, a brisa, os erros,
O afastamento.
Nos meus sonhos regresso a esse lugar,
Agora quase desaparecido da minha memória,
E consigo voltar a abraçar, a sentir,
Os meus irmãos, que partilham do mesmo objectivo transcendente.
Não é ilusão, aplica-se a esta realidade empobrecida.
Este corpo que habito não é meu,
Por isso quero mudar de rumo,
Deixar marca, nos espiritos, não no mundo.
08 maio 2006
Beast
I don't want to be like him
He's a beast...
I don't want to know anyone like him
He's a beast.
Fragile heart, cold hands
Hard look, tarnished head.
He's a beast.
He's a beast...
I don't want to know anyone like him
He's a beast.
Fragile heart, cold hands
Hard look, tarnished head.
He's a beast.
07 maio 2006
Destroy everything you touch
Destroy everything you touch today
Destroy me this way
Anything that may desert you
So it cannot hurt you
You only have to look behind you
At who's undermined you
Destroy everything you touch today
Destroy me this way
Everything you touch you don't feel
Do not know what you steal
Shakes your hand
Takes your gun
Wants you out of the sun
What you touch you don't feel
Do not know what you steal
Destroy everything you touch today
Please destroy me this way.
LT
Destroy me this way
Anything that may desert you
So it cannot hurt you
You only have to look behind you
At who's undermined you
Destroy everything you touch today
Destroy me this way
Everything you touch you don't feel
Do not know what you steal
Shakes your hand
Takes your gun
Wants you out of the sun
What you touch you don't feel
Do not know what you steal
Destroy everything you touch today
Please destroy me this way.
LT
03 maio 2006
Corcovado
Um cantinho, um violão,
Este amor, uma canção,
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar,
E ter tempo pra sonhar
Da janela, vê-se o Corcovado,
O Redentor, que lindo.
Quero a vida sempre assim,
Com você perto de mim,
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste, Descrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é a felicidade, meu amor
Este amor, uma canção,
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar,
E ter tempo pra sonhar
Da janela, vê-se o Corcovado,
O Redentor, que lindo.
Quero a vida sempre assim,
Com você perto de mim,
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste, Descrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é a felicidade, meu amor
02 maio 2006
By you're side
I’m not a material girl
And if I was, I’d got no chances with you.
I’m not a perfect mother
And if I was, you would let me all alone.
I’m not the sweetest housewife
But if I was, you would be tired of me.
I’m not the hardest sex machine
But if I was you would be frustrated.
I’m not the smartest person
But if I was I wouldn’t love you,
And you wouldn’t be able to persuade me.
And if I was, I’d got no chances with you.
I’m not a perfect mother
And if I was, you would let me all alone.
I’m not the sweetest housewife
But if I was, you would be tired of me.
I’m not the hardest sex machine
But if I was you would be frustrated.
I’m not the smartest person
But if I was I wouldn’t love you,
And you wouldn’t be able to persuade me.
MS
Freneticamente
Acordo...
Olho em volta, estou só...
É cedo.
Este é o meu paraíso...
A solidão sabe bem mas termina rapidamente.
Abro a janela e deixo o vento entrar,
Tocar em cada coisa que está à minha volta,
E toca também em mim.
Num segundo, em duas horas
O meu paraíso fica amaldiçoado...
É o meu inferno...
Fecho a janela, desço as escadas...
Só vejo humanos!
Deito-me na calçada e adormeço.
"As pessoas chiavam como ratos, e pegavam nas coisas e largavam-nas, e pegavam umas nas outras e largavam-se. Diziam: boa tarde, boa noite. E agarravam-se, e iam para a cama umas com as outras, e acordavam. Às vezes acordavam no meio da noite e agarravam-se freneticamente. Tenho medo - diziam. E depois amavam-se depressa, e lavavam-se, e diziam: boa noite, boa noite. (...) E no tal lugar, de manhã, as pessoas acordavam. Bom dia, bom dia. E desatavam a correr. É o meu inferno, é o meu paraíso, vai ser bom, vai ser horrível, está a crescer, faz-se homem. E a gente então comove-se, e apoia, e ama."
HH
29 abril 2006
Casamento ao som de bombardeamentos
Não sabiam se era dia ou noite
Primavera ou Outono,
Sabiam que estavam na capela do abísmo.
O tiroteio, as chamas,
As secretárias e os generais
Eram os convidados especiais.
A melodia, a valsa dos bombardeamentos
Ritmava os corações gélidos
Que nessa noite se finalizaram
E choraram...
Não havia flores,
Não havia abraços, beijos
O toque não existia,
Apenas a apatia.
O casamento chegava ao fim,
E ela viúva de branco,
Aguardando a despedida do amado,
Gritava, num silêncio cortante,
A esperança de uma vitória inatingível.
Sózinho enfim,
O seu esposo bebeu do veneno,
E caíu silêncioso
No chão frio da morte e da derrota.
Primavera ou Outono,
Sabiam que estavam na capela do abísmo.
O tiroteio, as chamas,
As secretárias e os generais
Eram os convidados especiais.
A melodia, a valsa dos bombardeamentos
Ritmava os corações gélidos
Que nessa noite se finalizaram
E choraram...
Não havia flores,
Não havia abraços, beijos
O toque não existia,
Apenas a apatia.
O casamento chegava ao fim,
E ela viúva de branco,
Aguardando a despedida do amado,
Gritava, num silêncio cortante,
A esperança de uma vitória inatingível.
Sózinho enfim,
O seu esposo bebeu do veneno,
E caíu silêncioso
No chão frio da morte e da derrota.
26 abril 2006
Vontade
A culpa não é do sol
Se o meu corpo se queimar.
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te abraçar.
A culpa não é da praia
Se o meu corpo se ferir.
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te sentir.
A culpa não é do mar
Se o meu olhar se perder.
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te ver.
A culpa não é do vento
Se a minha voz se calar.
A culpa é do lamento
Que sufoca o meu cantar.
A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim,
E só morre com a idade,
Com a idade do meu fim.
A culpa é da vontade.
AV
Se o meu corpo se queimar.
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te abraçar.
A culpa não é da praia
Se o meu corpo se ferir.
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te sentir.
A culpa não é do mar
Se o meu olhar se perder.
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te ver.
A culpa não é do vento
Se a minha voz se calar.
A culpa é do lamento
Que sufoca o meu cantar.
A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim,
E só morre com a idade,
Com a idade do meu fim.
A culpa é da vontade.
AV
Oculto
Estou a regressar a casa.
Espera um pouco até que eu chegue.
Era isto que ia acontecer.
Eu ia sair porta fora, irritada,
E voltaria, porque esta é a minha casa.
É o único sitío onde me sinto,
Este é o lugar, que por mais sombrio que seja,
É meu!
Agora que a noite me cobre,
Ando constante no meu passo,
A lua desaparece numa mistura de nuvens.
Acho-me perdida, num caminho que fui eu a traçar.
Mostro dentro do meu ser o medo incessante.
Medo da perda,
Medo de esquecer este caminho para sempre.
Mergulho no submundo, nessa terra que também é minha,
Mas nada encontro...
Misturo-me na imensa escuridão.
Olho em volta, nada vejo.
Onde estou eu?
Onde estás tu?
Outro caminho?
O caminho é este, não quero mais nenhum...
Rasgo o véu que me separa da realidade
Rios de azul saem do meu corpo e indicam a saida.
Regresso a casa, sei o caminho, o caminho sou Eu!
23 abril 2006
Porque sim...
"Como não cabem as anedotas da infância, que já não têm graça nenhuma. Como não cabe nada do que já não sou eu. Não discuto, irra, não discuto! Sei lá porque é que uma anedota de que ri não tem hoje graça nenhuma! Sei só que a não tem.
E, todavia, pesa-me como uma pata de violência a realidade da pessoa que somos. Há muita coisa a arrumar, a harmonizar, muita coisa ainda a morrer. Mas por enquanto está viva. Por enquanto sinto a evidência de que sou eu que me habito, de que vivo, de que sou uma entidade, uma presença total, uma necessidade do que existe, porque só há eu a existir, porque eu estou aqui, arre!, estou aqui, EU, este vulcão sem começo nem fim, só actividade, só estar sendo, EU, esta obscura e incandescente e fascinante e terrivel presença que está atrás de tudo o que digo e faço e vejo - e onde se perde e esquece. EU! Ora este «eu» é para morrer."
VF
O passado parece hoje tão distante. Uma noite que se dividiu em duas, e uma vida que se desfragmentou e não sabe mais voltar à unidade.
Havia dantes aquela sensação de que existiam duas entidades dentro de mim, e que disputavam pelo mesmo ser. Sei qual delas quereria vencer. A mais triste, mais incapaz, mais insegura. Porém o ser não deixa de me surpreender. Cada vez mais nos extremos da irracionalidade, a entidade póstoma tem força para prevalecer. Existe nela uma energia, uma vivacidade dominante. Existe vida. E é ela que vai viver. Após a morte do ser, será essa segunda entidade que dominará o corpo. E existência será por isso mais simples e mais pura.
Esse corpo que mereceria o sofrimento, supera a dureza das palavras, dessas pedras frias e mortas que despedaçam a consciência dos momentos.
O ser renasce, a entidade renova-se, o corpo purifica-se, a palavra é aniquilada.
E, todavia, pesa-me como uma pata de violência a realidade da pessoa que somos. Há muita coisa a arrumar, a harmonizar, muita coisa ainda a morrer. Mas por enquanto está viva. Por enquanto sinto a evidência de que sou eu que me habito, de que vivo, de que sou uma entidade, uma presença total, uma necessidade do que existe, porque só há eu a existir, porque eu estou aqui, arre!, estou aqui, EU, este vulcão sem começo nem fim, só actividade, só estar sendo, EU, esta obscura e incandescente e fascinante e terrivel presença que está atrás de tudo o que digo e faço e vejo - e onde se perde e esquece. EU! Ora este «eu» é para morrer."
VF
O passado parece hoje tão distante. Uma noite que se dividiu em duas, e uma vida que se desfragmentou e não sabe mais voltar à unidade.
Havia dantes aquela sensação de que existiam duas entidades dentro de mim, e que disputavam pelo mesmo ser. Sei qual delas quereria vencer. A mais triste, mais incapaz, mais insegura. Porém o ser não deixa de me surpreender. Cada vez mais nos extremos da irracionalidade, a entidade póstoma tem força para prevalecer. Existe nela uma energia, uma vivacidade dominante. Existe vida. E é ela que vai viver. Após a morte do ser, será essa segunda entidade que dominará o corpo. E existência será por isso mais simples e mais pura.
Esse corpo que mereceria o sofrimento, supera a dureza das palavras, dessas pedras frias e mortas que despedaçam a consciência dos momentos.
O ser renasce, a entidade renova-se, o corpo purifica-se, a palavra é aniquilada.
22 abril 2006
Each man kills the thing he loves
Yet each man kills the thing he loves,
By each let this be heard,
Some do it with a bitter look,
Some with a flattering word,
The coward does it with a kiss,
The brave man with a sword!
Some kill their love when they are young,
And some when they are old;
Some strangle with the hands of Lust,
Some with the hands of Gold:
The kindest use a knife, because
The dead so soon grow cold.
Some love too little, some too long,
Some sell, and others buy;
Some do the deed with many tears,
And some without a sigh:
For each man kills the thing he loves,
Yet each man does not die.
OW
By each let this be heard,
Some do it with a bitter look,
Some with a flattering word,
The coward does it with a kiss,
The brave man with a sword!
Some kill their love when they are young,
And some when they are old;
Some strangle with the hands of Lust,
Some with the hands of Gold:
The kindest use a knife, because
The dead so soon grow cold.
Some love too little, some too long,
Some sell, and others buy;
Some do the deed with many tears,
And some without a sigh:
For each man kills the thing he loves,
Yet each man does not die.
OW
19 abril 2006
Um nome
Di-lo-ei pela cor dos teus olhos,
Pela luz onde me deito.
Di-lo-ei pelo ódio, pelo amor com que toquei as pedras nuas,
Por uns passos verdes de ternura.
Ela tinha duas escolhas possiveis,
Pelas adelfas, e por nenhuma,
Quando as adelfas nestas ruas podem saber a morte.
Sempre a mesma escolha, sempre a minha escolha,
Se ela gosta de comodidades,
Pelo mar azul, azul-cantábrico, azul bilbau.
E aqui permaneço no meu largo,
Tantos são os cheiros, os odores que se sentem aqui.
Quando amanhece, o sol
Gostava de morar aqui.
Di-lo-ei pelo sangue violado e limpo e inocente,
Despresam-me a toda a hora,
Perdeu-se o primeiro amor, por uma árvore,
E por tudo neste mundo.
Tenho que arranjar uma só árvore, mas verdadeira e pura e limpa,
Mais minha, mais como eu.
Di-lo-ei:
Ela morreu, mas viveu em esperança,
Que um dia o mundo mudasse
E as lágrimas e tudo o mais não chegassem a existir...
Não choveria, mas a erva continuaria verde.
O mundo seria assim perfeito?
Limitação da mente humana
Que esqueceu os momentos vivídos no Éden embrionário.
Porém, quando vê tudo o que está à sua volta
Pensa com desprezo que ali é a morte, é o fim
E que não há salvação.
Di-lo-ei: Já te encontrei... A morte desapareceu...
17 abril 2006
All I Need
All I need is a little time,
To get behind this sun and cast my weight,
All I need is a peace of this mind,
Then I can celebrate.
All in all there’s something to give,
All in all there’s something to do,
All in all there’s something to live,
With you...
All I need is a little sign,
To get behind this sun and cast this weight of mine,
All I need is the place to find,
And there I’ll celebrate.
All in all there’s something to give,
All in all there’s something to do,
All in all there’s something to live,
With you ...
AiR
04 abril 2006
I Corintios 13
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
e não tivesse amor,
seria como o metal que soa,
ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia,
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse amor, nada seria.
E, ainda que distribuísse toda a minha fortuna,
para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor;
é benigno;
o amor não é invejoso;
o amor não trata com leviandade;
não se ensoberbe;
Não se porta com indecência;
não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha,
mas havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá;
Porque em parte conhecemos,
e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito,
então, o que é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, discorria como menino;
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque, agora, vemos por espelho, em enigma,
mas, então, veremos face a face;
agora conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor,
estas três; mas a maior destas é o amor.
e não tivesse amor,
seria como o metal que soa,
ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia,
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse amor, nada seria.
E, ainda que distribuísse toda a minha fortuna,
para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor;
é benigno;
o amor não é invejoso;
o amor não trata com leviandade;
não se ensoberbe;
Não se porta com indecência;
não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha,
mas havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá;
Porque em parte conhecemos,
e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito,
então, o que é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, discorria como menino;
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque, agora, vemos por espelho, em enigma,
mas, então, veremos face a face;
agora conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor,
estas três; mas a maior destas é o amor.
03 abril 2006
Same old flame
You knew in five minutes
But I knew in a sentence
So why do we go through all of this again?
Your eyes are flutterin'
Such pretty wings.
A moth, flyin' into the same old flame again.
It never ends
It's not like I dropped the bomb,on my conscience mom
It takes fightin' day and night to make such a good thing die.
Out, everyone out!
I give too much shit a home
In my heart and mind it gets me every time!
So why do we go through all this shit again?
Your eyes are Flutterin'
Such pretty wings.
A moth flyin' into me
The same old flame again...
TAF
But I knew in a sentence
So why do we go through all of this again?
Your eyes are flutterin'
Such pretty wings.
A moth, flyin' into the same old flame again.
It never ends
It's not like I dropped the bomb,on my conscience mom
It takes fightin' day and night to make such a good thing die.
Out, everyone out!
I give too much shit a home
In my heart and mind it gets me every time!
So why do we go through all this shit again?
Your eyes are Flutterin'
Such pretty wings.
A moth flyin' into me
The same old flame again...
TAF
02 abril 2006
Receita para impacientes...
Não brinco quando digo que você é imaturo,
Não brinco quando digo que você é incompreensível!
Não queria assim? Não está bom para si?
Talvez mais marcado, talvez gravado nas costas dos retornados…
Como prefere?
Espero o dia em que consiga voltar!
Isto aqui é quente e seco,
Custa a adormecer,
"Valha-lhe Deus! Está cego…"
Oh misericórdia financeira!
Tiraram-lhe tudo, até a vontade de ser feliz!
A vontade já não existe, é um mito,
Fraco, espetado, esfaqueado, degolado.
É a vingança da sua inspiração surda,
Não avança.
Somos dois tristes vácuos,
Temos em nós pequenos pedaços do nada,
Herança genética da estrada que nos leva à desgraça.
Não saiba a sua mão direita o que faz a sua mão esquerda.
Talvez seja melhor cortá-las, assim já não haverá perigo!
Já não haverá nada…
Corte-as!
Cave, escave, faça buracos!
Precisa do odor suave dos telhados,
De uma saída mais baixa,
De uma conversa demorada,
No carro, numa noite de trovoada!
O homem que vai tropeçando
Embalado pelo álcool,
Transmite-lhe a aniquilação do sentimento.
Que interessa o que traz consigo?
Há no seu ouvido uma voz terna e doce
Que lhe diz: “Amanhã acaba com a mentira,
Com a alegria mesquinha!”
Enfim…Acabe com a sua vida!
Você está doente…
Acho que devia parar de fumar…
Acho que deveria parar de falar…
Você está morto! Seu impaciente!
Keep on running
When will you do what you say you’ll do?
How could you really do it?
Will you keep on running?
Baby settle down
Will you keep on running?
You’ll lose your heart
Will you keep on running?
Baby settle down
Will you keep on running?
Run on, run on
You’ll rule your day
Crawlin' black spider baby
Crawlin' black spider
Begin to crawl on baby with the cracks were very high
Just keep on crawlin' till the day I die
CP
How could you really do it?
Will you keep on running?
Baby settle down
Will you keep on running?
You’ll lose your heart
Will you keep on running?
Baby settle down
Will you keep on running?
Run on, run on
You’ll rule your day
Crawlin' black spider baby
Crawlin' black spider
Begin to crawl on baby with the cracks were very high
Just keep on crawlin' till the day I die
CP
29 março 2006
26 março 2006
Péssimo
A euforia da feira das vaidades
Deixa muitas saudades.
Onde poderemos ser nós mais cobiçados senão lá?
Metrópole da sedução
Que anula a emoção das coisas simples.
Queremos sempre mais.
Fogo nos dedos deixa tocar a ingenuidade dos segredos.
Há amnésia constante daquilo que somos,
Tornando-nos loucos sem destino.
25 março 2006
Parr-á-pluie
Je te tiens, chaudement dans mes bras
Écoute la pluie qui frappe sur les fenêtres
J'ai perdu la puissance de la solitude
L'invincibilité de l'homme sans coeur
Maintenant j'ai peur
Á cause de toi, je suis faible comme dans un rêve
De la douceur de mon avenir avec toi
Je te tiens chaudement
C'est mieux, n'est-ce pas
Et au dehors il fait froid
Pourquoi tu pars
KC
23 março 2006
Amor electrónico
A ti minha querida,
Minha andróide,
A ti dedico estes versos,
Porque nunca os poderás compreender…
Tanto que eu te amo,
Ao ver-te passar,
Calma, metálica,
Na tua rotina diária…
Em ti apenas se vêem
Vestígios de engrenagens.
O teu coração jamais existiu,
É apenas um chip sem ligações metafísicas.
Gosto tanto de falar contigo,
De te questionar,
Gosto de ouvir as tuas respostas,
Gosto dessa tua voz robótica.
Tanto que eu te amo,
Ao ver que ficas imune à minha loucura,
Á loucura do tempo.
Para ti um segundo são séculos,
E o mundo é um circuito integrado.
Amo-te por não me amares,
Amo-te por me ignorares.
Amo-te mas não devo…
18 março 2006
Valsa quase antidepressiva
Dança comigo a primeira valsa da Primavera
Dança sem sonhos,
Esquece a promessa
Ninguém nos espera.
Já enchi os dias de lutas vazias
Estou gasto, cansado, dormente
E a um pouco de sexo ou muita poesia
Ainda não fico indiferente.
Fala comigo na palavara falsa da fantasia
Chovem amigos na festa da praça do meio dia
É certo que as flores parecem maiores
Que toda a virtude do mundo.
Com um pouco de sexo ou muita poesia
Ainda me sinto profundo.
Se este mundo fosse feito para ser doce
Eu seria doce
Fosse eu quem fosse...
Foge comigo na última volta da maratona
Nada comigo no lago indeciso de metadona.
Já deixei as asas na cave da casa
E as chaves no fundo do mar
Com um pouco de sexo ou muita poesia
Ainda nos vamos casar.
JPS
15 março 2006
Devendra
I don’t want anything
I’m okay being nothing
Sharing everything with anyone.
I like to stay alone
Watching my window
Breathing the smoke of your cigarette.
Are we going to stay like this forever?
Are we going to be brothers forever?
Are you going to hell or going to heaven?
That tree is growing up, is becoming old
Like us, reaching the seas.
The lights are on
Let’s go home…
Breathe this air of happiness
The smoke of your smile, of our souls
The smoke we always breathe.
10 março 2006
Run William run...
Ele faz-me lembrar
Alguém que cortava,
Quando carinho queria dar.
Nas suas formas,
No seu traço,
Conta uma história dificil de imaginar.
Quão vigoroso,
Aquele corpo que em tempos susteve o Mundo,
É agora uma ponte curvada sobre a realidade,
De uma alma dividida,
De mãos amputadas.
Quem tem culpa?
A ociosidade, a vaidade.
Quem lhe dera a ele ter força
Para lutar, para continuar,
Mais um ano, mais um século.
Pudera ele com as suas tesouras cortar as amarras do tempo
E sonhar com a eternidade dos sentidos,
Daquelas tardes no campo,
Aquela ligação à terra,
E a ela...
Dava-lhe eu mãos
Para ele agarrar a vida,
Agarrar a melodia que lhe cortou o coração
Até aqui
Até ela...
Run William run because the time has come...
Alguém que cortava,
Quando carinho queria dar.
Nas suas formas,
No seu traço,
Conta uma história dificil de imaginar.
Quão vigoroso,
Aquele corpo que em tempos susteve o Mundo,
É agora uma ponte curvada sobre a realidade,
De uma alma dividida,
De mãos amputadas.
Quem tem culpa?
A ociosidade, a vaidade.
Quem lhe dera a ele ter força
Para lutar, para continuar,
Mais um ano, mais um século.
Pudera ele com as suas tesouras cortar as amarras do tempo
E sonhar com a eternidade dos sentidos,
Daquelas tardes no campo,
Aquela ligação à terra,
E a ela...
Dava-lhe eu mãos
Para ele agarrar a vida,
Agarrar a melodia que lhe cortou o coração
Até aqui
Até ela...
Run William run because the time has come...
09 março 2006
In a manner of speaking
In a manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing
In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that I feel about you
Is beyond words
Give me the words
But tell me nothing
Give me the words
That tell me everything
In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrified
So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.
Give me the words
But tell me nothing
Give me the words
That tell me everything.
NV
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing
In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that I feel about you
Is beyond words
Give me the words
But tell me nothing
Give me the words
That tell me everything
In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrified
So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.
Give me the words
But tell me nothing
Give me the words
That tell me everything.
NV
08 março 2006
Paragem
Ele julga que me conhece,
Que me desvenda,
Desde o olhar mais profundo
Até ao passo mais incerto que eu possa dar.
Porém, eu sei
Que lá no fundo só tu me conheces
Só tu sabes encontrar os meus sentimentos,
As minhas ansiedades e desejos...
Que são iguais aos teus...
Procurei em tantos lugares,
Em tantas estações parei,
Para te ver chegar...
Talvez te encontre agora,
Talvez venhas agora...
Será?
Que lhe irá acontecer?
Tenho pena da sua impureza,
Da sua inocencia inconsciente...
Mas vou esquecê-la, se tu assim o quiseres...
Olho para o relógio e vejo
Que é chegado o tempo
Em que a viagem termina
Em que a solidão termina
Em que a ansiedade cresce
Em que a distância apenas sabe sufocar,
Em que o coração só sabe desesperar...
E acordo...
E ainda é noite...
Tudo à minha volta parece ter o teu nome,
A tua presença,
O teu perfume...
Agora vou-me,
Esperando, ansiando
Um encontro,
Um presente,
Um passado,
Um futuro...
06 março 2006
Cayman Islands
Through the alleyways to cool off in the shadows
Then into the street following the water
There's a bearded man paddling in his canoe
Looks as if he has come all the way from the Cayman Islands
These canals, it seems, they all go in circles
Places look the same, and we're the only difference
The wind is in your hair, it's covering my view
I'm holding on to you, on a bike we've hired until tomorrow
If only they could see, if only they had been here
They would understand, how someone could have chosen
To go the length I've gone, to spend just one day riding
Holding on to you, I never thought it would be this clear.
KC
Then into the street following the water
There's a bearded man paddling in his canoe
Looks as if he has come all the way from the Cayman Islands
These canals, it seems, they all go in circles
Places look the same, and we're the only difference
The wind is in your hair, it's covering my view
I'm holding on to you, on a bike we've hired until tomorrow
If only they could see, if only they had been here
They would understand, how someone could have chosen
To go the length I've gone, to spend just one day riding
Holding on to you, I never thought it would be this clear.
KC
05 março 2006
História de um Piano...
04 março 2006
Relato
Choveu,
Já passou algum tempo...
O sol,
O céu,
A liberdade,
A casa,
A noite,
A inveja,
As mãos,
A viagem.
Já sinto saudades...
O regresso.
Voltou a chover,
E será que isso é chover?
Sim...É temporal.
Trovões, raios, relâmpagos,
Electriciade.
Para quê?
Para a seca persistir?
Inveja,
Dúvida, incerteza.
Não é a solidão, não é a chuva...
Sou EU!
Afoguem-me!
Já passou algum tempo...
O sol,
O céu,
A liberdade,
A casa,
A noite,
A inveja,
As mãos,
A viagem.
Já sinto saudades...
O regresso.
Voltou a chover,
E será que isso é chover?
Sim...É temporal.
Trovões, raios, relâmpagos,
Electriciade.
Para quê?
Para a seca persistir?
Inveja,
Dúvida, incerteza.
Não é a solidão, não é a chuva...
Sou EU!
Afoguem-me!
01 março 2006
Perdida
Regresso, por entre cidades abandonadas
Deixadas para trás,
Esquecidas por tudo e por todos...
A existência invade a minha mente
E espero que neste regresso não cometa os mesmos erros.
As saudades, a força calorosa das palavras
Levam à loucura sã dos nossos dias.
Lá respirava-se o ar puro,
A diferença,
A União,
A compreensão...
Aqui respira-se a limitação,
A insensibilidade,
Respira-se a minha incapacidade de adaptação ao mundo...
Respira-se a minha tentativa de ignorar o imundo,
Mas sinto falta...
Sinto falta de outro regresso...
21 fevereiro 2006
Casa
É a tua...
Teu refúgio de formas entrecortadas que contemplo
E agora adoro...
No sono branco
Nas horas mortas
Nuvens plúmbeas passam sobre nós
Damos as mãos...
Porquê só agora?
Agora que o caminho é mais dificil?
Que já me esqueci de como alcanço essa casa?
Só quero saber desse calor,
Amei e quero mais...
Teu refúgio de formas entrecortadas que contemplo
E agora adoro...
No sono branco
Nas horas mortas
Nuvens plúmbeas passam sobre nós
Damos as mãos...
Porquê só agora?
Agora que o caminho é mais dificil?
Que já me esqueci de como alcanço essa casa?
Só quero saber desse calor,
Amei e quero mais...
13 fevereiro 2006
Smile
Smile though your heart is aching
Smile even though it’s breaking
When there are clouds in the sky, you’ll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You’ll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile
CC
10 fevereiro 2006
There are no ghosts...
07 fevereiro 2006
Double AAirror
Time, always time on my mind...
Lies, always lies on my mouth...
Pass me by, I'll be fine...
Just give me that usual thing, that strange thing...
There are no explosions...
There are no miracles...
There are no mirrors!
There's just us...
Lies, always lies on my mouth...
Pass me by, I'll be fine...
Just give me that usual thing, that strange thing...
There are no explosions...
There are no miracles...
There are no mirrors!
There's just us...
06 fevereiro 2006
Para Amar Intensamente...
Iamos de mão dada, naquela manhã desconhecida,
Caminhando por entre terras virgens, nunca antes pisadas.
Olivais intermináveis rodeavam-nos e aquele foi o meu último passeio com ele.
E era tão pequena, eu e aquela viagem...
E era tão incrivel a minha percepção,
Tudo aquilo me parecia enorme, o tempo vagaroso e as mãos...
As mãos dele eram o Mundo!
04 fevereiro 2006
Ignominy
We don’t need to have big brains; we just need to be happy.
We were not angry; we were disappointed.
We were doing our jobs; we were being jealous.
We don’t give a fuck to your ego; we just need it, as you need it.
You prefer the suicide, but you forget that you’re immortal…
We were not angry; we were disappointed.
We were doing our jobs; we were being jealous.
We don’t give a fuck to your ego; we just need it, as you need it.
You prefer the suicide, but you forget that you’re immortal…
03 fevereiro 2006
Fevereiro
Hoje fizeste-me recordar, nas tuas expressões, de alguém que me foi querido há muito tempo...
E foi apenas aquela atitude, aquele fluir de movimentos que o fez despertar no meu pensamento.
Passaram meses, talvez anos, desde que lhe chorei a última lágrima,
E hoje, apenas recordo os momentos, as conversas simples, a chuva, as coisas vagas...
Gostava do reencontrar para lhe mostrar em que me tornei.
Gostava de saber se continua viciado no meu nome e no fado,
Nas viagens do Corto, no traço de Pratt, na escrita de Hemingway.
Tenho saudades do efeito.
queria regressar, mas ele não volta...
Hoje fizeste-me recordar do meu fruto proíbido
Quase esquecido naquele Fevereiro...
31 janeiro 2006
Sad Journey
Is this a dream?
I’m afraid to become like her…
So I still want to feel our moments together.
Do you remember how it used to be?
I’m sorry…
Maybe I miss that, maybe I’m like her already…
Maybe we can go back, when it started to snow.
Let’s get off the train I’m sick of this journey…
I’m afraid to become like her…
So I still want to feel our moments together.
Do you remember how it used to be?
I’m sorry…
Maybe I miss that, maybe I’m like her already…
Maybe we can go back, when it started to snow.
Let’s get off the train I’m sick of this journey…
19 janeiro 2006
I still love you
Pride can stand a thousand trials
The strong will never fall
But watching stars without you
My soul cries
Heaving heart is full of pain
The aching
'Cause I'm kissing you,
I'm kissing you
Touch me deep, pure and true
Give to me forever
'Cause I'm kissing you
I'm kissing you
Where are you now
Where are you now
'Cause I'm kissing you
I'm kissing you
Sade
12 janeiro 2006
Antigamente os homens tinham segredos
10 janeiro 2006
Verde é Verde e Vermelho é Sangue...
E o teu escorre pelas paredes da minha consiência,
Desde que desapareceste naquela noite egoísta e nunca mais voltaste a ser real...
Bem diziam que eras apenas um corpo
Mas deixei-me iludir.
Segredei às árvores os meus segredos e fingi que sabia amar...
Bem sei que não me podes salvar, mas não me deixes assim,
Caíndo no conformismo...
Gostava do teu jeito, mas a demência apoderou-se da tua pessoa,
Por isso mais vale deixar-te a apodrecer...
Adeus...
Talvez intervenção divína...
07 janeiro 2006
06 janeiro 2006
Carta
Senhor,
Perdoe-me, pois é devido a si que estou louca, hoje reconheço a minha falta e venho confessá-la, arrojando-me a seus pés para obter perdão.
Que fiz eu, desgraçada? Depois de fatal excesso acreditará na minha constante e viva ternura? Oh, relicta, senhor. O grande amor que lhe professo perturbou o meu espirito e foi a causa dos erros que pode censurar-me.
Seja indulgente, se eu fui culpada, pois o meu arrependimento é maior do que a minha falta. Esta carta chegará às suas mãos molhadas em lágrimas e eu estarei inconsolável até o benedito momento em que se digne a perdoar o meu desvario.
Acredite-me; à minha submissão aos seus desvelos radicarei hoje mais a sinceridade do inalteravél amor que professo ao mais lindo, mais amável e generoso de todos os homens.
Esperando o seu perdão...
Maria
Perdoe-me, pois é devido a si que estou louca, hoje reconheço a minha falta e venho confessá-la, arrojando-me a seus pés para obter perdão.
Que fiz eu, desgraçada? Depois de fatal excesso acreditará na minha constante e viva ternura? Oh, relicta, senhor. O grande amor que lhe professo perturbou o meu espirito e foi a causa dos erros que pode censurar-me.
Seja indulgente, se eu fui culpada, pois o meu arrependimento é maior do que a minha falta. Esta carta chegará às suas mãos molhadas em lágrimas e eu estarei inconsolável até o benedito momento em que se digne a perdoar o meu desvario.
Acredite-me; à minha submissão aos seus desvelos radicarei hoje mais a sinceridade do inalteravél amor que professo ao mais lindo, mais amável e generoso de todos os homens.
Esperando o seu perdão...
Maria
02 janeiro 2006
New Queens
Some boys think they are queens
They walk like queens
They talk like them
They smile like them
But all they are…
They are only boys.
They broke hearts
They broke rules
They make you look like you’re 100 years
They want you for 3 weeks
And then they want you dead.
Stupid boys that are going around
Singing around sad songs
To look like they never even exist.
They walk like queens
They talk like them
They smile like them
But all they are…
They are only boys.
They broke hearts
They broke rules
They make you look like you’re 100 years
They want you for 3 weeks
And then they want you dead.
Stupid boys that are going around
Singing around sad songs
To look like they never even exist.
01 janeiro 2006
Bisounours
Il fut un temps où rien n'était éteint
Où seul l'or de mon coeur donnait l'heure
Et alors j'étais fort, mais j'ai perdu la fleur et l'innocence
Dans ce décor je me sens perdu, rien n'a plus de sens
Mais j'ai encore quelques rêves et si tant est que j'aie le temps
J'irai caresser leurs lèvres
J'ai encore quelques rêves
Et si tant est que j'aie le temps j'irai caresser leurs lèvres
Il fut un temps où rien n'était éteint
Où seul l'or de mon coeur donnait l'heure
Et alors j'étais fort, mais j'ai perdu la fleur et l'innocence
Dans ce décor je me sens perdu, car rien n'a plus de sens
Si le temps avance trop
Je me sens de taille
Je suis un enfant
Je refuse le temps
Je regarde le ciel et cet arc-en-ciel qui m'apaise
Je regarde la lumière et puis j'erre dans mes rêves
Oublier le temps
Rester un enfant
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