28 maio 2006

Fumo

Consigo ainda vislumbrar as noites em que apareceram sem avisar
Cada um com seu fato especial
Seu ar peculiar.
Tenho saudades desse tempo,
De interioridade.
Agora tudo morreu,
Assassinei a minha originalidade.
Quero recuperá-la mas não consigo,
É impossivel.
Sábado:
Chovia tão fortemente,
Ainda te lembras?
Foi uma confusão,
Contigo sempre foi tudo uma confusão,
De sentimentos, de sentidos, de movimentos.
Foi aí tenho certeza, não sei porquê,
Nunca se sabe.
Sexta:
Era noite,
Relembro os braços, os abraços,
A flor na lapela.
Foi a coisa mais inesquecível que alguma vez me fizeram,
Gostava, e eu gostava tanto de nós.
Quinta:
Foste a coisa mais terrivel que me aconteceu,
Nunca chorei tanto por ninguém,
Não esqueço, aquela Páscoa,
Não esqueço aquele sorriso.
Mas milhares de anos luz nos separam,
Milhares de possibilidades, de utopias.
Domingo:
Encontrei-te no acaso,
Não sei ainda o que és,
Só sei que existes,
És tu, sou eu,
São eles, e eles unem-nos.
Apenas...
Segunda:
Nunca foste ilusão,
Tudo em ti era racional,
Tão racional que não te conseguias exprimir,
E por isso foste
Sem antes deixares tua marca.
Terça:
O caminho mais acertado és tu,
Porém o menos excitante,
Tudo em ti é passado,
Tudo em ti é sagrado,
É fechado.
Quarta:
Exterioridade,
A tua casa, o teu cheiro,
Tua insuficiencia sentimental,
De avançar,
És criança demais para amar.
Não sei, não vejo.

Quem sabe talvez um dia, se homens se aves,
Alguém virá para nos encontrar.
De memórias desertas, cobertas de palavras mortas,
De folhas carbonizadas, dispersas pelo vento,
E pelo alento das nossas almas caladas.

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