Naquela noite subia lentamente as escadas,
E a tempestade, os raios, os relâmpagos
As grossas gotas que lhe escorriam pela face,
Tudo foi presságio do crime.
A pistola na mala, o sangue na camisola,
As mãos e o corpo suado de ter abafado uma vida
Entre gestos fúteis, inúteis, imundos.
O corpo no sofá petrificado,
As almofadas sujas, a camisa, o casaco,
O copo no chão, o whiskey entornado,
A janela aberta deixando entrar a madrugada,
Para apagar os vestígios do perfume.
E descia a rua, depois da porta trancada,
Quase nua, transfigurada,
Só guardava no peito o retrato
Do amante que havia aniquilado.
Estava feliz, havia trovoada,
A luz era irregular e chuva era escassa.
E depois de entrar no táxi despreocupada,
Chorou contente,
A sentença estava tomada.
17 junho 2006
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