29 abril 2006

Casamento ao som de bombardeamentos

Não sabiam se era dia ou noite
Primavera ou Outono,
Sabiam que estavam na capela do abísmo.
O tiroteio, as chamas,
As secretárias e os generais
Eram os convidados especiais.
A melodia, a valsa dos bombardeamentos
Ritmava os corações gélidos
Que nessa noite se finalizaram
E choraram...
Não havia flores,
Não havia abraços, beijos
O toque não existia,
Apenas a apatia.
O casamento chegava ao fim,
E ela viúva de branco,
Aguardando a despedida do amado,
Gritava, num silêncio cortante,
A esperança de uma vitória inatingível.
Sózinho enfim,
O seu esposo bebeu do veneno,
E caíu silêncioso
No chão frio da morte e da derrota.

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