31 julho 2006
Mentiras
Cortaste a própria língua
Para não revelares os segredos que não tens.
Porque te custa assim tanto ouvir a verdade?
Uma palavra serve para te cortar a razão.
Já não te conheço,
Tens medo.
E de quê? De mim?
As minhas mentiras são-te mais agradáveis
Do que a verdade do meu coração.
Este ar gélido que me trespassa o corpo
Faz-me ver que ainda existo para além das tuas mãos,
Para além dos teus lábios,
Muito para além da tua voz,
Porque poucas vezes me pronuncias na sofreguidão da noite.
Para ti todos os dias são areia,
Cada grão passa como tantos outros, não deixando rasto,
Na enormidade do deserto.
Para ti todas as noites são vitórias,
Glórias de guerras que nunca travaste,
Porque tu nunca pegaste em armas,
Porque tu nunca acertaste no teu próprio ventre.
E se para mim todas as lutas são com a minha lingua,
Com as minhas visceras,
Sendo eu presa fácil das minhas angústias,
As mentiras são a minha causa de morte,
Porque para ti a verdade tem sempre um preço,
Nem que seja de ver os teus olhos rebaixarem-se á luz da calçada,
E deixares-me apedrejada pelas minhas próprias palavras.
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