27 julho 2006

De tanto chorar o meu coração quebrou...

Acordei e começaram a cair estrelas do céu,
Caiam sobre a minha casa,
E eu via toda a minha familia de luto,
Via toda aquela gente transfigurada
E a música do assobio lá ao longe.

Sentia-me imunda, inerte
Fui até à rua e o fogo caia sobre mim,
Deixava-me inundar daquele ardor.
Estava a ver a minha vida,
O meu egoísmo, minha tristeza,
Infeliz que eu era enquanto as estrelas caiam sobre a minha cabeça.

O dia do juízo virá, e eu?
Quem serei eu?
Faz-me mal, eu sei...
Não sei aproveitar bem.
Não o consigo salvar, ele não me ouve,
Não me consigo salvar, eu já não vejo.
As estrelas cegaram-me.
Só sinto o meu fim.

Sentia que era este ano, no calor das estrelas,
Sem antes algum dia eu brilhar.
Não vou voltar para aquele lugar obscuro,
Naquele funeral macabro de mim mesma.
Prefiro ser queimada pelas estrelas,
E ver de que é feito o meu corpo.
Mesmo que não seja de diamantes,
Ao menos não será de cinza, de pó da terra.

Que caiam as estrelas do céu,
Esmaguem a terra,
Que eu sairei a correr,
Sairei na esperança de encontrar salvação,
Ainda que no meio da escuridão da cegueira.

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